As Hortas Sociais Urbanas do Bispo tiveram o seu arranque em Outubro de 2008, no âmbito de uma parceria entre a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC) e a Freguesia de S. Martinho do Bispo, Coimbra. Localizam-se num dos extremos do campus da ESAC e contam com 11 talhões, 5 dos quais atribuídos a mulheres. O nosso modelo de produção – ainda que não pretendamos a certificação – rege-se pelas mais basilares normas do Modo de Produção Biológico, logo não recorremos a qualquer adubo ou pesticida químico de síntese. Apoiamos ainda a nossa actividade produtiva em princípios e práticas das tecnologias sociais e na utilização de variedades tradicionais. Cada talhão tem uma área média de 75 m2 e conta com um compostor. Existe uma tomada de água para cada dois talhões. Temos à nossa disposição uma arrecadação colectiva (adaptada a partir de um antigo pombal desactivado), onde guardamos sementes e utensílios agrícolas. A nossa produção destina-se, essencialmente, ao consumo doméstico, ainda que forneçamos alguns produtos a familiares e amigos e os troquemos entre nós.
01.12.2010 - Colaboração em estudo sobre o impacto da agricultura urbana na economia familiar

A inquirição
Durante os meses de Outubro e Novembro de 2010, colaborámos num trabalho de inquirição efectuado por um investigador da ESAC-CERNAS. Este trabalho enquadra-se num projecto de investigação apoiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e que tem como tema o "Impacto da agricultura urbana na economia familiar dos agricultores urbanos de Coimbra".
20.11.2010 – Magusto nas hortas

Nesta época do ano, em que o frio começa a chegar, nada melhor para reconfortar o corpo e o espírito que um magusto-convívio na companhia de familiares e amigos. Foi o que fizemos no dia 20 de Novembro.
Para além das castanhas e da tradicional jeropiga, ao magusto seguiu-se um lanche reforçado que, entre outras especialidades caseiras, contou ainda com um caldo verde confeccionado com couves e batatas biológicas da nossa horta. No decurso do animado evento, houve ainda tempo para discutir a instalação de uma casa-de-banho seca e de um dispositivo simples que possibilite a transformação de energia eólica em electricidade, para iluminar eventos futuros. Para além das nossas famílias, o magusto contou ainda com a participação de elementos do GRAU e do Presidente da ESAC, o Prof. José Gaspar.

 
O nosso magusto

23.10.2010 – Actividade colectiva de limpeza e beneficiação dos espaços e estruturas comuns

No dia 23 de Outubro de 2010, todos arregaçamos as mangas e desenvolvemos uma actividade de limpeza na envolvente das Hortas. Tendo sido utilizado como local de arrumação de materiais e equipamentos sem utilização, este espaço foi pouco cuidado durante muitos anos. Os caminhos de acesso foram limpos de vegetação e pedras. Procedemos ainda à limpeza do espaço em torno do antigo pombal, que serve como local de apoio ao armazenamento das nossas ferramentas.
Nesta envolvente, no futuro próximo, instalaremos vários canteiros que darão forma um jardim biológico de plantas aromáticas, condimentares, medicinais e ornamentais. Procurando explorar um pouco mais o potencial pedagógico da horta, pensamos que estes pequenos canteiros devem apresentar diferentes formas geométricas.
Como não podia deixar de ser, aproveitamos esta tarefa para confraternizar um pouco e organizamos um almoço e lanche-ajantarado com produtos das nossas hortas.
Durante a actividade foram-nos disponibilizados os diplomas de participação na formação que fizemos em Junho.

 
O merecido repasto e convívio depois do trabalho duro...

16.10.2010 – Participação na iniciativa dos Objectivos do Milénio em Coimbra

Nos dias 15 e 16 de Outubro decorreu no Centro Comercial Dolce Vita, em Coimbra, uma Feira de Comércio Justo e Solidário. Esta iniciativa integrou-se no âmbito do Projecto ODM na Cidade de Coimbra 2010, que visa informar e sensibilizar a sociedade civil local sobre os Objectivos do Milénio, nomeadamente sobre o Objectivo n.º 1, relativo à redução da pobreza e da fome, em 50%, até 2015. Podemos aceder a mais informações através do seguinte URL: http://www.objectivo2015.org/.

O cartaz promocional das nossas hortas

Apresentada a iniciativa, temos agora a possibilidade de apresentar a nossa contribuição, que consistiu na exposição, no stand da ESAC, de um cabaz familiar biológico, constituído por várias espécies hortícolas provenientes das nossas hortas. A apresentação do cabaz pretendeu demonstrar que, tal como reconhecido por várias organizações nacionais e internacionais, a agricultura urbana pode ser uma importante ferramenta para a promoção da segurança alimentar dos mais desfavorecidos. Voltando-nos para a nossa experiência: a verdade é que, desde que aderimos às hortas, nunca mais tivemos que comprar hortícolas frescas, o que, como é lógico, se reflecte no nosso orçamento familiar.

 
O nosso cabaz junto de outros produtos da ESAC

12.06.10 – Acção de Formação “Modo de Produção Biológico em Agricultura Urbana"

Na sequência de acções de formação anteriores, de carácter pontual, e do acompanhamento técnico e formação em contexto de trabalho nas hortas, tivemos, desta vez, uma formação em “Modo de Produção Biológico em Agricultura Urbana" em contexto de sala. A formação foi-nos ministrada por elementos do GRAU e consistiu em 3 sessões, que abordaram vários aspectos relacionados com o modelo de agricultura urbana que praticamos, a saber:
a)      Enquadramento do fenómeno da AU;
b)      Tecnologias sociais;
c)      Organização e participação dos agricultores;
d)      Enquadramento do Modo de Produção Biológico;
e)      Boas práticas do uso do solo;
f)       Boas práticas do uso da água;
g)      Compostagem e valorização dos resíduos orgânicos domésticos;
h)      Adubação verde, rotações e consociações;
i)        Protecção das plantas (auxiliares, limitação natural, sebes e barreiras de protecção);
j)        Pragas e doenças mais comuns na horta e formas de controlo;
k)      Caldas alternativas e sua utilização.
Apesar de já termos conhecimentos e noções muito concretas em relação a grande parte dos assuntos abordados, o modelo de formação possibilitou que aprofundássemos os mesmos, até porque nos foi disponibilizado material de formação que dá resposta a algumas das nossas questões. De resto, tivemos oportunidade de discutir entre todos problemas e soluções comuns.
07.06.2010 – Actividade de educação ambiental com crianças de Arzila

No dia 07 de Junho dinamizámos uma iniciativa de educação ambiental com várias crianças de uma escola de Arzila. Na sua visita às nossas hortas, as crianças tiveram oportunidade mexer na terra e de plantar couves e alfaces e de semear feijões, o que muitos desconheciam como se fazia ou nunca tinham feito. Apesar de tudo, pareceu-nos que a rega é a operação cultural que mais adeptos colhe entre as crianças... Para além disso expusemos a nossa forma de trabalhar e como aproveitamos grande parte dos resíduos que produzimos na horta e em casa em nosso favor, para, entre outros, fertilizar as culturas hortícolas.

 
 A explicação sobre como plantar e regar alfaces

Esta actividade decorreu no âmbito de uma iniciativa organizada por um grupo de alunos do curso de Ecoturismo da ESAC e contou com a sua participação activa. Este facto demonstra mais uma das valências da nossa horta dentro do campus da ESAC, que se prende com o apoio da horta nas actividades lectivas dos diferentes cursos da ESAC, não só aos mais ligados à vertente produtiva como também aos restantes cursos.
Por coincidência, no decurso desta actividade esteve presente uma jornalista do Jornal Campeão das Províncias que registou mais esta actividade do nosso grupo. Também cá esteve o Sr. Antonino Antunes, presidente da Freguesia de S. Martinho do Bispo, que nos expressou o seu contentamento com o curso do projecto e o aspecto geral da horta.

A reportagem do Campeão das Províncias
05.06.2010 – Visita de representantes de organizações da Rede Internacional de Segurança Alimentar dos PALOP

No dia 05 de Junho de 2010 acolhemos na nossa horta 5 representantes de organizações da sociedade civil de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe que estavam em Coimbra para uma reunião de trabalho da Rede Internacional de Segurança Alimentar IFSN (International Food Security Network). A visita foi organizada em colaboração com os amigos da ACTUAR e no decurso desta pudemos apresentar o nosso projecto e o trabalho que temos vindo a desenvolver em prol da promoção da agricultura urbana. No final, os visitantes confidenciaram-nos que gostaram muito do que viram e que isso lhes forneceu pistas de trabalho futuro, para além de importantes dicas práticas em termos produtivos e organizacionais. Desde já manifestamos aqui o nosso contentamento com os comentários dos nossos visitantes e com a perspectiva de que a nossa experiência possa, de algum modo, ser aplicada noutros países para amenizar situações de insegurança alimentar e fome, como é o caso nos PALOP.
A Rede Regional da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), integra mais de 100 organizações em  Angola, Cabo Verde, Guiné-bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Os membros das várias redes nacionais incluem associações de agricultores, pescadores, mulheres, pessoas com HIV/SIDA, grupos de jovens, organizações de consumidores, ONG temáticas, etc. Esta rede está  em ligação com redes similares de 26 países do Sul através do “International Food Security Network - IFSN”, projecto implementado pela ActionAid Internacional. Actualmente, o IFSN mobiliza mais de 1400 organizações locais e nacionais da sociedade civil, com o principal objectivo de criar e reforçar as redes nacionais de segurança alimentar, para influenciarem, a nível nacional, regional e internacional, a implementação do direito humano à alimentação nos países do Sul.
24.11.2009 – Visita do Dr. José Maria Katiavala, técnico da ADRA, de Angola

A 24 de Novembro, o Dr. José Maria Katiavala, da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, de Angola (ADRA), proferiu na ESAC a Palestra "Agricultura Familiar, Segurança Alimentar e Desenvolvimento Rural em Angola: O caso do Planalto Central". O orador é sociólogo e coordena a Unidade de Projectos da ADRA. Esta iniciativa foi organizada em conjunto pela Comissão de Coordenação do Mestrado em Direito à Alimentação e Desenvolvimento Rural da ESAC e pela ACTUAR.
Após a referida palestra o orador visitou as nossas hortas. Demonstrando bastante interesse no modelo de criação e de acompanhamento das hortas, o técnico da ADRA manifestou o seu interesse em dinamizar projectos idênticos em Angola.
22.09.2009 – Participação nas vindimas da ESAC

Vindima na ESAC
A 22 de Setembro de 2009 alguns de nós juntamo-nos à comunidade da ESAC para a realização das vindimas da exploração da instituição. Para além de termos colhido as uvas, pudemos ainda, através do acompanhamento da enóloga responsável, contactar de perto com a fase inicial do processo de vinificação.
Achamos importante salientar que o convite da ESAC para participarmos nesta actividade é mais um sinal da crescente abertura da instituição à participação da comunidade envolvente nos seus afazeres diários.
18.08.2009 – Recepção ao Projecto Jardin Nomade e intercâmbio com os colegas das Hortas do Ingote

A 18 de Agosto de 2009, juntamo-nos agricultores urbanos das Hortas do Ingote, à Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), à ACTUAR (Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento) e à Câmara Municipal de Coimbra (CMC), para organizar uma iniciativa de acolhimento ao Projecto Jardin Nomade, de Brest – França.
Este evento teve ainda como objectivo encetar o processo de intercâmbio, há muito ansiado por nós, como os colegas do Bairro do Ingote. Acreditamos que este processo de intercâmbio favorecerá a discussão em torno da agricultura urbana e que futuramente se verifique uma contínua troca de conhecimentos, experiências e até de plantas e sementes entre todos, o que, de resto, naturalmente aconteceu, pois do Ingote trouxemos plantas ornamentais e tomateiros da variedade Coração de Boi.

 
A recepção nas Hortas Sociais Urbanas do Ingote | A horta nómada

O projecto Jardin Nomade partiu de Brest – França, a 1 de Julho de 2009, com chegada marcada a Alcochete – Portugal, a 1 de Setembro de 2009. Ao longo de 60 dias e 30 etapas, o projecto previa parar pelo caminho em várias cidades onde presentemente se desenvolvem projectos de agricultura urbana. Resumidamente, esta viagem teve como objectivo primordial a promoção de um modelo de agricultura urbana sustentável, assente em práticas ambientalmente favoráveis e na preservação dos recursos genéticos locais. É possível acompanhar o périplo do projecto em http://jardinomade.canalblog.com.

Na parte da manhã deu-se uma visita às hortas do Ingote, onde fomos calorosamente acolhidos pelos colegas locais, que tiveram oportunidade de relatar as suas experiências e expor alguns dos problemas com que se debatem. Da parte da tarde foi a nossa vez de retribuir, no Bispo, com um lanche. Pelo meio tivemos um almoço de confraternização no Parque de Merendas do Bairro do Ingote, ao qual se juntaram algumas associações locais. O almoço foi confeccionado pelos agricultores do Ingote com produtos das suas hortas.

A recepção nas Hortas Sociais Urbanas do Bispo


A iniciativa contou, na parte da manhã, com a presença do Presidente da CMC, Dr. Carlos Encarnação, e do Vereador da Habitação da CMC, Dr. Gouveia Monteiro. Ambos expuseram-nos o interesse da autarquia em continuar a promover a agricultura urbana e confirmaram a criação de 4 novos espaços dedicados à agricultura urbana na cidade: no alto de S. Miguel, junto à urbanização “Ar e Sol”; no vale das Flores, a jusante do Centro de Saúde do Bairro Norton de Matos; na Portela, a Sul da Avenida da Boavista; e em S. Martinho do Bispo, junto às piscinas Luís Lopes da Conceição.
Por fim, acrescentamos que o evento foi alvo de muita atenção por parte da comunicação social escrita regional e nacional, onde a experiência do Bispo foi amplamente divulgada. Esta cobertura da imprensa evidencia o crescente sucesso que as hortas urbanas têm em Portugal, nomeadamente em Coimbra e que, desta vez, foi atestado pelos hortelãos nómadas de Brest.

 
Reportagens do Diário As Beiras | Diário de Coimbra | Jornal de Notícias
08.08.2009 - Actividades de recuperação da arrecadação e limpeza da envolvente

No dia 08 de Agosto de 2009 levamos a cabo uma ansiada iniciativa colectiva de recuperação da arrecadação e de limpeza da envolvente. Na reunião de dia 3 de Agosto havíamos discutido a actividade e o contributo de cada um de nós para a iniciativa, não só em termos da programação e distribuição de pequenas tarefas, mas também no que respeita à disponibilização de materiais, nomeadamente tintas e acessórios de pintura. A actividade foi assim dividida em duas fases: a primeira incidiu na limpeza da vegetação e preparação da operação de pintura e a segunda na pintura da estrutura.

Limpeza de vegetação e lavagem da arrecadação

Na primeira fase a vegetação em torno da arrecadação foi limpa com recurso a uma roçadora de costas e a enxadas. Por outro lado, várias pedras que se encontravam espalhadas na envolvente foram arrumadas e alguma sucata foi definitivamente retirada do espaço das hortas. Ainda durante esta fase o pombal foi lavado exteriormente com recurso ao kit de incêndios da ESAC. Assim, conferimos uma maior durabilidade à pintura a realizar, dado que algumas paredes apresentavam muitos fungos.


 Limpeza de ervas em torno da arrecadação

Pintura da arrecadação

Ainda que em pleno período de férias, importa destacar a nossa motivação para esta tarefa, pois todos estivemos presentes com as nossas famílias. Até os mais pequenos deram uma mão nas pinturas.

 Pinturas na parte exterior da arrecadação

Limpeza do hangar

As actividades de recuperação do pombal não se limitaram ao exterior, uma vez que também o maior compartimento interior foi igualmente alvo de pinturas.
De resto, esta iniciativa serviu também estreitarmos relacionamentos entre nós e as nossas famílias. Ambas as refeições foram preparadas pelas agricultoras do grupo, pouco dispostas às pinturas.

 Almoço convívio dos agricultores

Durante os momentos de convívio discutimos a realização de algumas iniciativas a dinamizar futuramente e que visam dar a conhecer o nosso projecto à opinião pública. A título de exemplo, destacamos a realização de uma exposição fotográfica nas hortas.
Deste dia cansativo, mas muito positivo e produtivo, resulta para nós a percepção de que o fenómeno da agricultura urbana contribui, entre outros aspectos amplamente conhecidos, para a recuperação de infra-estruturas urbanas degradadas, para além do espaço de cultivo em si. E, para tal, não é necessária a afectação de muitos recursos financeiros, bastando apenas a boa-vontade e o trabalho de cada um de nós.
Até à primeira actividade foi assim...

a arrecadação, o hangar e a primeira lavoura...
 

 a despedrega...
 

a instalação do sistema de rega e a montagem dos compostores...
 

a celebração do contrato e o arranque do cultivo...
 

a criação de laços de amizade e o resultado do compromisso colectivo...